sexta-feira, 17 de outubro de 2008


Por Gutemberg M. Tavares

Um Clássico Vergonhoso.

Foi uma partida inusitada, para começar ocorreu numa quinta-feira, num horário atípico, contrariando os grandes clássicos históricos que ocorrem as quartas-feiras e nos finais de semana, más nem por isso deixou de ter um grande publico, milhões de expectadores acompanharam havidamente via internet, rádio e televisão.

Para surpresa geral, um confronto desta magnitude não foi monopolizado pela Rede Globo. Algo estranho no ar.

Ingredientes como corre-corre, fumaça, estouros, também não faltaram, o que mudou foi a forma de eles serem detonados, no caso ocorreram via escopetas e bombas de gás lacrimogêneo.

Difícil foi escalar as equipes, pois somando os dois times, havia no campo de batalha aproximadamente quatro mil integrantes.

E a imprensa? Está nunca teve tanta liberdade, nem nos tempos de Pelé, onde após os gols os repórteres invadiam o campo, neste episódio ela teve o privilégio de participar da partida, misturou-se entre os participantes, de negativo foi o fato de pelo menos alguns saírem machucados, um repórter cinematográfico da Record, teve de ser levado ao hospital por conta de uma “Contusão”.

Devido ao grande número de jogadores a disputa não pode ocorrer no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, popularmente conhecido como Morumbi, a casa do São Paulo Futebol Clube, más nem por isso deixou de ser disputado em região nobre.

A batalha ocorreu num bairro nobre da cidade, Morumbi, próximo ao Palácio dos Bandeirantes, residência oficial da figura mais importante do estado, o Governador Jose Serra do PSDB.

Pleiteando melhores salários o time da Polícia Civil partiu para o ataque, objetivando chegar ao palácio onde estava Jose Serra, e assim poder tratar do assunto pessoalmente.

Conseguir o objetivo não seria fácil, pela frente os policiais civis enfrentariam um adversário de qualidade, a Polícia Militar e seus “Escudos Transparentes, Capacetes reluzentes e a determinação de manter tudo em seu lugar”, diria Herbet Viana, vocalista do grupo de rock “Paralamas do Sucesso”.

O Governador convocou os melhores atletas, conhecidos como tropa de choque, e posicionou o time totalmente na defesa, a tática era o contra-ataque, para o time do governador o empate era o resultado mais interessante.

A disputa findou-se e como todos sabiam antecipadamente, numa partida como essa não poderia haver um vencedor, e sim perdedores que neste caso foram a população do Estado de São Paulo.

Como de praxe após o jogo os representantes de ambas as equipes concederam entrevista coletiva, Jose Serra se mostrou insatisfeito com o time da Polícia Civil, sugeriu que eles foram desleais e que teriam agido com fins políticos.

Do outro lado, o representante do sindicato dos policiais civis Divinato da Consolação, disse que o jogo foi violento porque o time adversário, na pessoa do Governador, menosprezou sua equipe.

Falando Sério.

Alguns personagens se sentindo acusados por Jose Serra resolveram emitir suas opiniões, o Senador Aloísio Mercadante rebateu as acusações e sugeriu a Jose Serra que dialogasse com o adversário. O Deputado Federal Paulinho da Força, também compartilhou com as palavras de Mercadante.

De tudo isso podemos tirar duas conclusões, de um lado o governador sugere motivações políticas para o embate, do outro os pedintes acusam o governo de prepotência, por nem sequer recebe-los, e no meio disso tudo ficamos nós.

Se com as duas forças unidas a população ainda sofre com insegurança, imagina o que acontece quando as duas entram em conflito. Imaginem se a policia militar resolvesse não acatar a ordem do governo, e não barrasse os manifestantes: Uma crise institucional!

Obviamente que a população não pode apoiar um movimento onde seus integrantes, ao requerem seus direitos, fazem uso de armas de fogo e veículos cedidos para o uso na defesa da sociedade, porém não é aceitável que um policial lotado no maior estado do Brasil, tenha um salário que não o possibilite condições necessárias para o bom desempenho de suas funções, o levando a trabalhos esporádicos, conhecidos como “Bicos” e em muitos casos corrupção.

Cabe a cada um refletir sobre o caso e fazer seu juízo de valor acerca acontecimentos, o que não podemos é ficar de braços cruzados diante desta vergonha, sendo por motivos políticos ou não o governo não pode deixar a coisa chegar a este nível, lembrando que a categoria esta em negociação desde de janeiro de 2008.


Gutemberg Mendes Tavares

2 comentários:

lenah disse...

esse tipo de confusão ainda mais entre policias...e lamentavel.
No lugar de brigarem pelos direitos previstos na lei pela vida e segunara dos cidadaos dessa imensa cidade, nao eles entram em confronto.E ainda por cima, na frente do palacio do governo...lamentavel mesmo.

Ly disse...

Dica de leitura...Textos ácidos e sarcásticos, pra quem quer ficar por dentro dos assuntos políticos e dos últimos acontecimentos de forma leve.


www.mosaicodelama.blogspot.com

Boa leitura!