quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Museu do Futebol: o engodo

amigos, aí vai um texto que recebi(zau) em email e cabem créditos à Claudio Yida Jr. Tratem de conferir.

Museu do Futebol: o engodo

A prudência indicaria uma visita antes de qualquer palavra sobre o Museu do Futebol, inaugurado nesta semana no Estádio do Pacaembu – sempre é necessário dizer, a casa do Corinthians. Mas como prudência e futebol são coisas que raramente se misturam, às favas com a visita. Esse museu nada mais é do que um engodo. E digo isso levando em conta aqueles que foram os responsáveis pela sua criação.
Primeiramente, eis aí a Fundação Roberto Marinho. Sim, o braço responsável pelo caixa 2da Rede Globo colocou seu dinheiro para agradar dirigentes de clubes, CBF e a mídia esportiva em geral. Com isso, manteve o controle das rédeas sobre as transmissões futebolísticas mais relevantes, deu um cala boca nos concorrentes, lembrou o Ricardo Teixeira de que não há CBF sem a Vênus Platinada e armou o esquema para monopolizar toda a verba publicitária destinada à famigerada Copa 2014.
Logo em seguida aparece o Governo do Estado. E aí não dá para esquecer que é o mesmo governo que age em favor dos abastados e está cagando para o povo e suas tradições. São os responsáveis pela cratera no metrô e os contratos suspeitos com a Alstom, o não-cumprimento do piso salarial determinado pelo governo federal para professores e outrastramóias tucanas que jornalistas costumam não ver.
Finalmente, lá está a Prefeitura do prefeito tampão e repressor. As características usadas para descrever o governo estadual são as mesmas para a administração municipal. Afinal de contas, foi dado um golpe – bancado pela classe "de" média paulista, diga-se – para ficarmos na mão de uma mesma pessoa tanto no Palácio dos Bandeirantes quanto no Edifício Matarazzo.
Há, ainda, empresas nesse rolo, mais interessadas em agregar valor à marca e conseguir uma isençãozinha de imposto do que patrocinar decentemente o esporte mais popular do mundo.
Feito o intróito, vamos aos fatos. A fachada do mais belo estádio do país foi "presenteado" com portas de ferro, no estilo das lojas da 25 de março. Um horror. Ainda há resquícios da obra, como restos do muro que foi levantado ali no ano passado. Aproveitando a deixa, digo que a reforma no Pacaembu foi uma das coisas mais mal-feitas do mundo. A pintura já descasca e a escada lateral ainda não está finalizada – existe um vão na lateral de quase dois metros de altura e não há corrimão acompanhando os degraus.
Lá dentro, a alta tecnologia dá o tom. Vendo as reportagens sobre o museu, todas elas destacam o caráter multimídia da coisa, seja lá o que isso signifique. Esquecem, porém, do essencial no futebol e na vida: as histórias, principalmente as que nos fazem chorar.
Anexo ao museu está um bar. Ou, como está na matéria do site da Globo, "uma choperia, que promete se tornar rapidamente um point dos apreciadores de um bom chope". Point? OPacaembu é coisa séria, meus caros. E o futebol é muito mais do que isso. Vale dizer que o tal bar não abrirá em dias de jogos – talvez porque tem muito "povo", e esses caras não gostam do "povo" – e provavelmente só servirá aos endinheirados do bairro e os playboys da FAAP. Um nojo.
Esse é, portanto, mais um passo dado em direção da modernização. Tudo muito bem calculado, preparando o terreno para a Copa 2014. Que será, insisto, a morte do futebol brasileiro.

Museu do Futebol: o engodo II

Em 03 de outubro, falei por aqui sobre o Museu do Futebol inaugurado sob as sagradas arquibancadas do Pacaembu. Tratei a obra com muito desdém, já que ela tinha idealizadores para lá de suspeitos, além de seguir preceitos pouco nobres, como a modernização do esporte. O prudente amigo Fernando Cesarotti, responsável jornalista que é, alertou nos comentários: "Porra, japonês, vá lá ver primeiro, também não precisa entrar de sola com todas as pedras na mão". Seguindo o conselho dele, fui lá no último domingo. E achei uma pena que a visita não serviu corroborar as palavras do Cesarotti.
Em linhas gerais, é um museu muito bem equipado, todo cheio de parafernálias tecnológicas e até um bom acervo, principalmente no que diz respeito ao audiovisual. O problema é que a coisa não vai muito além e traz poucas novidades. Mais (ou menos) do que isso, apesar de estar no Templo Sagrado da bola, o Museu do Futebol pouco inspira paixões.
Vou apegar-me à única coisa que me chamou atenção. Logo após o salão do primeiro andar, há uma escadaria e alguns telões que ficam bem embaixo de onde montam guarda osGaviões da Fiel. Coincidentemente, esses telões prestam homenagem às torcidas organizadas do país, mostrando cantos e as festas nas arquibancadas. Existe inclusive uma espécie de duelo entre os principais rivais que ficou muito interessante. É possível passar um bom tempo apreciando as imagens, apesar do cheiro insuportável de mofo, uma vez que as estruturas foram montadas aproveitando as vigas do estádio e sobre o barranco que cai da Rua Itápolis.
Sendo repetitivo, assim como é esse museu, a visita só vale a pena por conta dessa área das torcidas e dos vídeos e sons disponibilizados. Para quem conhece um pouco mais das histórias do futebol, já antecipo: erros de informação serão encontrados em número relativamente elevado. Também se fala muito pouco sobre o estádio que o abriga, apesar das milhares de histórias maravilhosas que possui a Casa da Fiel. Portanto, fica a dica: vá durante a semana (em férias, obviamente), porque a lotação aos sábados e domingos é elevada e você não aproveita aquilo que o museu tem de melhor.
Não dá para finalizar esse texto sem mencionar o trágico bar que fica ao lado, denominado "O Torcedor". Cheio de bichices totalmente alheias ao futebol, ele só se salva por conta do entorno. Afinal de contas, é fantástico poder sentar à beira da Praça Charles Miller e ao lado do Pacaembu para tomar um chopp (Brahma, apenas correto, a R$4,20). Pedi, inclusive, um hambúrguer para ajudar o figueiredo na digestão, depois de ter constatado o maior erro desse bar: como se chamar "O Torcedor" se você não tem sanduíche de pernil no cardápio?
Roteiro completo percorrido, o veredicto continua o mesmo. O Museu do Futebol e sua estrutura complementar é muito menos do que tentaram mostrar. Além de ter prejudicado toda a fachada do Pacaembu com suas portas de ferro à la 25 de Março, ele pode ser o responsável por alimentar uma geração de alienados que preferem uma camisa do Manchester ao manto do Juventus da Mooca. A quem for e gostar, perdão, mas eu continuo achando aquela merda um engodo.

postado por Zau

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ato contra a morte de Nilton César de Jesus

Domingo deveria ter sido um dia de festa: um clube brasileiro pela primeira vez se tornava tricampeão nacional de forma consecutiva.

Mas o que deveria ser amplamente comemorado como o sucesso de uma nova fórmula de campeonato no Brasil acabou se transformando na repetição de algo que o país se acostumou a assistir desde há muito, algo que rememora os anos de chumbo da ditadura: o assassinato de um torcedor já rendido por um policial que, ao tentar abusar do poder pela sociedade nele investido com uma coronhada absolutamente desnecessária, atirou contra a cabeça da vítima.


O caso, como tantos outros, foi notícia por todos o país. Serviu, como sempre, pra chocar de uma forma paralisante. Quatro dias depois, Nilton César de Jesus, 26 anos, o torcedor baleado, faleceu no hospital no Distrito Federal, enquanto , o policial autor do disparo, recebeu o bônus do habeas corpus ao ser enquadrado por "lesão corporal grave".



Qualquer um que viu o vídeo do tiro pode perceber que a imprudência do policial claramente qualificaria seu ato como "homicídio culposo", ata sem a intenção de matar, mas que acabou matando. Mas a força política da corporação policial é grande, e o assassino está - e muito provavelmente continuará por longo tempo - solto.

O caso, infelizmente, não é único. No mesmo dia, outro torcedor foi morto a tiros na zona leste de São Paulo durante as comemorações do título. E tantos outros já morreram em tantos jogos pela história de nosso futebol.

A violência, entretanto, não é exclusiva do esporte, está em todo lado. Violência que começa quando a relação social mais comum entre duas pessoas é a de comando, de hierarquia, de força, algo que se transforma em risco de morte quando entram em ação armas de fogo.

No futebol, onde a aglomeração de pessoas por partida é enorme, tal violência se instaura com ainda mais facilidade quando se assiste uma militarização crescente de tudo que envolve o jogo: torcida impedida de levar faixas, preços de alimentos absurdos, ingressos falsos a torto e a direito, polícia que humilha e trata o torcedor enquanto bandido. E que entra em campo e leva jogador preso, como se viu no Recife por mais de uma vez em 2008, e que atira em torcedor desarmado e já rendido, como Nilton. Isso sem falar que o comandante da arbitragem paulista é um coronel da polícia.




Na Itália, a morte do torcedor da Lazio Gabrielle Sandri, em episódio bastante parecido com este de Brasília, causou revolta nos torcedores de todas as equipes do calcio, inclusive da rival Roma. Jogos foram paralisados e adiados ante a ameaça de invasão por parte das torcidas, em ação de protesto pelo assassinato sem sentido. O caso levou tanto o poder público quanto a federação de futebol de lá a ao menos parar para repensar as relações de força.

Aqui, no país pentacampeão do mundo, já tivemos, enquanto torcedores, inúmeras possibilidades de agir da mesma forma, e as desperdiçamos. Pensando nisso é que o Autônomos FC, equipe amadora de futebol de várzea, convoca os torcedores de todas as equipes a comparecerem com suas respectivas camisas a um ato em repúdio à violência policial e à militarização do futebol, domingo, 14/12, com concentração saindo da frente do cemitério das Clínicas e partindo para a Praça Charles Miller, onde acontecerá uma partida de futebol espontânea e livre em protesto à tentativa de controle de nossos corpos e mentes nos estádios do país e em memória de Nilton e de todos os torcedores mortos de maneira estúpida pela corporação policial.












Futebol é um lugar de festa. E festa não combina com botas, fuzis e capacetes, nem com proibições arbitrárias como as que perpetram nos estádios paulistas.

Em nome de todos os torcedores que querem um futebol mais democrático.

postado por Zau, mais um jogador do Autônomos, em busca de um pingo de democracia, real e intransigente.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

VAI COMEÇAR A RONALDOMANIA


nãeo se preocupe, amigo, os gols vão constaaaar... o Ronaldinho, acabou de chegar!!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

É, infelizmente, futebóu, pô!

Em 2008 foram incontáveis as vezes que seo Muricy Ramalho, em coletivas, demonstrou todo seu aborrecimento com a imprensa esportiva – to contigo Muricy! Assim, sem vontade, cansou de justificar as atuações mecânicas do tricolor dizendo: “é futebol, pô!”
Frase que quase nada quer dizer.

Méritos à imprensa. Perguntas que nada quer dizer só pode esperar respostas de tamanho nível.

Mas como isso é discussão pra outras bistequinhas e biritas, vamos falar desse, já característico, 3-5-2 tricolor. Tricampeão do Brasil, da América e do Mundo.

Em 2004, com a chegada do técnico Cuca, o tricolor passou a investir em nomes menos requisitados, mas qualificados. Jogadores como Fabão, Danilo e Grafite, chegaram do Goiás de 2003, treinado por Cuca. Além deles, chegaram, também em 2004, nomes como Rodrigo, Cicinho e Junior. Assim formava-se a base do time campeão da Libertadores de 2005: Ceni; Fabão, Lugano e Alex; Cicinho, Josué, Mineiro e Junior; Danilo; Luizão e Amoroso. Cuca já cultivava o forte 3-5-2, formando uma linha de zagueiros com Rodrigo, Lugano e Fabão. Explorava a velocidade de Cicinho e a qualidade na organização de Danilo.

Mesmo formando um time que buscava manejar bem a bola, Cuca foi demitido em mais uma desanimada noite de Morumbi. Diante da amargura de tão só 2.100 torcedores, Cuca deixou o comando tricolor após derrota de 3 – 2 para o Coritiba.

Para seu lugar chegou Emerson Leão e, enfim, o tricolor começou a ganhar jogos na medida em que a torcida esperava. Em 18 partidas foram 11 vitórias e 4 empates, com destaque para as goleadas de 7 – 0, 0 – 5, e 5 – 2 diante de Paysandu, Atlético-Mg e Botafogo, respectivamente. Estava consolidado o 3-5-2 pelas bandas do Morumbi. Rodrigo, Lugano e Fabão compõe a defesa. Cicinho e Júnior aliam juventude e experiência, força física e qualidade técnica. Na armação, Danilo dá conta do recado, apesar de nunca ter tido o reconhecimento da torcida. Grafite anotava os seus e Tardelli deixava a torcida com um pé atrás, mas seguia deixando os seus. O foco do investimento para a disputa da Libertadores estava claro: volantes e atacantes.

Já incorporados ao elenco de 2005, Josué e Mineiro começavam a se destacar logo no começo da temporada com a conquista do Campeonato Paulista. Luizão, se recuperando de lesão, vinha cavando um lugar no time de Leão. O 3-5-2 estava mais forte do que nunca, e fazia escola no Brasil. Ceni; Rodrigo, Lugano e Fabão; Cicinho, Josué, Mineiro e Junior; Danilo; Tardelli e Grafite.

Propostas vai, propostas vem... quem tem sentimento guarda algo que nem com mastercard, quem não tem guarda – ou não – apenas umas verdinhas.

Leão foi ao Japão.

Autuori veio ao Tricolor.

O novo treinador, sábio como só ele, obviamente não meteu o dedo em nada. Quer dizer, mais que isso, sacou das mangas uma alternativa ao ainda não confiável ataque tricolor. Luizão e Amoroso agora reeditavam a dupla bugrina semifinalista do Brasileiro de 1994. Além das mudanças no ataque, Autuori foi obrigado a mexer no sistema defensivo pois Rodrigo havia sido vendido. Alex tornou-se o titular.

Campeão da Libertadores e do Mundial, em cima do Liverpool, com gol de Mineiro, o time de Paulo Autuori passou por um ano sensacional, contabilizando também goleadas de 1 – 5 e 1 – 6 sobre Corinthians e Flamengo, respectivamente. Porém, após o título para japonês ver, Paulo Autuori ficou na terra do sol nascente. Portugal Gouvêa pensava em um novo nome para o cargo, eis que surge o de Muricy Ramalho, atual vice-campeão brasileiro.

Não gostaria de deixar passar que foi o Autuori quem primeiro escalou Hernanes no profissional, já em 2005.

Da base campeã da América em 2005, Muricy não contava com Alex, Cicinho, Amoroso e Luizão. Em compensação, chegou a dupla de ataque do furacão, Aloísio e Lima, além de Leandro, Alex Dias e Ricardo Oliveira. Edcarlos e André Dias(mais um ex-Goiás) incorporaram o sistema defensivo. Assim estava formado o tricolor campeão Brasileiro de 2006, forte em todos os setores. Na final da Libertadores com: Ceni; Edcarlos, Lugano e Fabão; Souza, Josué, Mineiro e Junior; Danilo; Leandro e Oliveira. A base do Brasileiro com: Ceni; Fabão, Miranda e André Dias; Ilsinho, Josué, Mineiro, Junior; Danilo; Leandro e Aloísio. O time ainda contava com Alex Silva, Lenilson, Ribeiro, Alex Dias, Richarlyson e o polivalente Souza, peça fundamental dessa conquista.

O vice no Paulista e na Libertadores foram compensados com o título nacional, conquistado com duas rodadas de antecedência.

2007 começou e o tricolor não tinha mais Fabão, um dos poucos remanescentes da Libertadores 2005. Em contrapartida, Miranda, Alex Silva e Breno se destacavam. Mineiro e Josué embarcavam para a Europa, enquanto Hernanes ganhava seu espaço. Jorge Wagner, Borges, Richarlyson, Hugo e Dagoberto foram as principais contratações da temporada. O 3-5-2 permanecia inabalável: Ceni; Miranda, Breno(André Dias) e Alex Silva; Souza, Hernanes, Rick e Jorge Wagner; Dagoberto, Leandro e Aloísio. Desta vez, 4 rodadas de desfile ao SPFW.

Infelizmente, 2008 é isso que vemos hoje. Um time limitado na hora de jogar, mas fortíssimo em seu esquema tático, guiado à 3 anos pelo mesmo treinador. Um time que sabe se defender como nos outros anos, e que só conseguiu ganhar um alento quando encontrou a dupla de volantes, qualificada ao nível de Mineiro e Josué, e o camisa 10, que não é nada de encher os olhos, mas suficiente para um campeonato onde Flamengo e Palmeiras venderam o título no decorrer do campeonato. Hernanes, Jean e Hugo deram alternativas de jogo para o São Paulo que dependia muito das bolas paradas de Jorge Wagner para conquistar os 3 pontos.

O time que não se propôs a jogar o ano inteiro, encontrou-se na metade do nacional. Tarde para tudo. Restava jogar o futebóu de Muricy e tirar a vantagem do líder e limitado Grêmio.
Um ano e meio depois, o São Paulo desconta a eliminação na Libertadores 2007. Um ano e meio depois, o Grêmio é vice denovo.

Tudo começou com o Cuca e a merda do Goiás, vamos aprender... vamos aprender...


ps. me desculpem pelos error gramaticais, esta tarde e o assunto é chatíssimo.
e essa semana trarei uma análise jogo-a-jogo da campanha do SP, vamos ver o que dá para aproveitar.

zau

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Por Gutemberg M. Tavares

Cobertura Esportiva no Rádio.
A televisão trouxe muita comodidade e a mágica das imagens, mas jamais terá o charme, a mobilidade, e a emoção proporcionada pelo rádio.

A história do rádio brasileiro no tangente a cobertura esportiva, mais especificamente futebol, é sinônimo de qualidade, alegria e emoção, seus personagens merecem admiração.

A começar por João Alves Jobin Saldanha, ou simplesmente João Saldanha, filiado ao Partido Comunista era polemico, foi radialista esportivo, técnico do Botafogo e da Seleção Brasileira. João Havelange o teria idicado, objetivando uma trégua com os jornalistas brasileiros, pois com Saldanha no comando da seleção, as críticas da imprensa diminuiriam.

Nos primeiros seis jogos, 100% de aproveitamento, mas devido a seu temperamento intempestivo e a supostas contradições ao então presidente Garrastazu Médici, Saldanha foi demitido e voltou a exercer a profissão de radialista esportivo. “Quem escala a seleção sou eu, quando o presidente escalou o seu ministério ele não pediu a minha opinião”, teria dito Saldanha, que enquanto radislista sempre criticava, jogadores, técnicos e clubes de futebol.

“Abrem-se as cortinas do espetáculo.”
Era assim que Fiori Gigliotti, uma das maiores lendas do rádio esportivo brasileiro, se não a maior, iniciava a transmissão dos jogos de futebol. Durante sua brilhante carreira participou de ao menos dez copas do mundo, era dono de um estilo único, falava do futebol de forma romântica.

“Fecham-se as cortinas.”

Em 08 de junho de 2006, às vésperas de mais uma Copa do Mundo Fiori faleceu, deixando um legado inestimável para o rádio brasileiro, e para àqueles que assim como eu pretendem seguir os caminhos da imprensa esportiva, inspiração.

Em homenagem a Fiori, Galvão Bueno iniciou a transmissão do primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo de 2006, fazendo uso da célebre frase imortalizada por Gigliotti, "abrem-se as cortinas e começa o espetáculo", o Brasil venceu a Croácia por 1 a 0.

Outro grande locutor esportivo foi Osmar Santos, que infelizmente teve sua carreira interrompida em 1994, após um acidente de carro que afetou seu principal dom, a Voz.

Osmar Santos é dono de diversos bordões que estão estabelecidos no futebol até hoje, um dos mais famosos é o apelido de “Animal”, dado a Edmundo, ídolo do Palmeiras e Vasco, outros como “Garotinho”“Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha” e um dos gols mais inesquecíveis do futebol "E que GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL”.

A lista com nomes de figuras importantes para o rádio esportivo brasileiro é enorme, só não maior que suas biografias, o que o leitor viu acima, nada mais é que uma fagulha, diante da imensa contribuição desses três mestres citados.

Não sou hipócrita ao ponto de dizer que trocaria uma transmissão do jogo de meu time na TV por uma de rádio, contudo não me queixo de maneira nenhuma quando o jogo de meu time é transmitido pelo rádio. No rádio você não vê nada do que está acontecendo, somente escuta um narrador ensandecido que não pára de falar um minuto, as pessoas tem medo daquilo que elas não podem ver, assim, o rádio leva as pessoas ao máximo de suas emoções.

Saindo um pouco das transmissões das partidas, gostaria de dar uma breve passagem pelos programas de debate sobre futebol. Em meio a baixa qualidade, excesso de propaganda e sensacinalismo encontrados nos programas de debate esportivo na TV aberta – Debate Bola – Mesa Redonda – Jogo Aberto, uma boa opção é acompanhar os programas esportivos pelo rádio.


Estádio 97

Dentre vários existentes, destaco o Estádio 97, transmitido pela Energia 97 FM, trata-se de um ótimo programa esportivo, pautado pelo bom humor, informação e gozações diversas. Mesmo com todo esse caráter cômico, o programa aborda assuntos sérios, como os bastidores do futebol, e vez enquando, coloca no ar alguns cartolas, cobrando-lhes explicações sobre diversos acontecimentos.

O ouvinte tem direito a dar opinião, participar empiracamente do programa, como “Estranho no Ninho”, o que torna o Estádio 97 mais democrátrico. O Estádio 97 serve como um divisor de águas no rádio esportivo brasileiro, cada time de São Paulo tem um representante, que da notícias de sua agremiação e defende seu time das gozações dos outros integrantes.

Fazem parte do time do Estádio 97: Sombra, não um chefe, mas líder da turma, São Paulino, logo pessoa de bom gosto e inteligente – Benja, representante da elite, também conhecido como GPS Man, Corinthiano, esse cara é engraçado, principalmente quando imita o Barbosa, é cheio de amigos influentes – Mano, vulgo menino do Benja, descontrolado e dono de opiniões nada comuns, também Corinthiano, luta pra ser odiado, mas so consegue ser admirado – Portuga, mais conhecido por ser dominado pela esposa, e imitador oficial do Estádio, sua imitação do técnico Luxemburgo é muito boa, torcedor da Lusa – RG 02, apelido dado por ser tão velho que é dono do RG02, o primeiro é de Jesus Cristo RG01, Santista, é o representante da velha guarda no programa – Domênico, O Gato, este é um fanático Palmeirense, dono de uma voz marcante e inconfundível, tem vasta experiência no rádio, são aproximadamente 20 anos.
Mano, RG, Benja, Sombra, Portuga e o Bá.
Ao fundo um verdadeiro "estranho".

Fazem parte ainda o repórter Mota, e integrantes da produção, Bá e Bento, vozes menos ouvidas, mas com fundamental importância. Outro aspecto interessante do programa é o seu DJ, mais conhecido como Broca Fumegante, é isso mesmo, Broca Fumegante, responsável pela trilha sonora do Estádio 97.

O Estádio não está livre do “merchan”, contudo o faz de maneira inovadora, não há intervalos comerciais no programa, os anúncios são feitos pelos próprios integrantes, nesse quesito quem mais se destaca é Benjamim, dada sua influência comercial e sua dacilidade de comunicação, é quase um: “milton neves do rádio”.

Quem quiser conhecer melhor, é só sintonisar em 97,7 FM, Energia 97 das 18h às 20h30, ou acessem o youtube e procurem por Estádio 97 no programa do Jô.

Pra quem gosta de futebol, mas acima de tudo gosta de rir, recomendo o Estádio 97.
Gutemberg Mendes Tavares