amigos, aí vai um texto que recebi(zau) em email e cabem créditos à Claudio Yida Jr. Tratem de conferir.
Museu do Futebol: o engodo
A prudência indicaria uma visita antes de qualquer palavra sobre o Museu do Futebol, inaugurado nesta semana no Estádio do Pacaembu – sempre é necessário dizer, a casa do Corinthians. Mas como prudência e futebol são coisas que raramente se misturam, às favas com a visita. Esse museu nada mais é do que um engodo. E digo isso levando em conta aqueles que foram os responsáveis pela sua criação.
Primeiramente, eis aí a Fundação Roberto Marinho. Sim, o braço responsável pelo caixa 2da Rede Globo colocou seu dinheiro para agradar dirigentes de clubes, CBF e a mídia esportiva em geral. Com isso, manteve o controle das rédeas sobre as transmissões futebolísticas mais relevantes, deu um cala boca nos concorrentes, lembrou o Ricardo Teixeira de que não há CBF sem a Vênus Platinada e armou o esquema para monopolizar toda a verba publicitária destinada à famigerada Copa 2014.
Logo em seguida aparece o Governo do Estado. E aí não dá para esquecer que é o mesmo governo que age em favor dos abastados e está cagando para o povo e suas tradições. São os responsáveis pela cratera no metrô e os contratos suspeitos com a Alstom, o não-cumprimento do piso salarial determinado pelo governo federal para professores e outrastramóias tucanas que jornalistas costumam não ver.
Finalmente, lá está a Prefeitura do prefeito tampão e repressor. As características usadas para descrever o governo estadual são as mesmas para a administração municipal. Afinal de contas, foi dado um golpe – bancado pela classe "de" média paulista, diga-se – para ficarmos na mão de uma mesma pessoa tanto no Palácio dos Bandeirantes quanto no Edifício Matarazzo.
Há, ainda, empresas nesse rolo, mais interessadas em agregar valor à marca e conseguir uma isençãozinha de imposto do que patrocinar decentemente o esporte mais popular do mundo.
Feito o intróito, vamos aos fatos. A fachada do mais belo estádio do país foi "presenteado" com portas de ferro, no estilo das lojas da 25 de março. Um horror. Ainda há resquícios da obra, como restos do muro que foi levantado ali no ano passado. Aproveitando a deixa, digo que a reforma no Pacaembu foi uma das coisas mais mal-feitas do mundo. A pintura já descasca e a escada lateral ainda não está finalizada – existe um vão na lateral de quase dois metros de altura e não há corrimão acompanhando os degraus.
Lá dentro, a alta tecnologia dá o tom. Vendo as reportagens sobre o museu, todas elas destacam o caráter multimídia da coisa, seja lá o que isso signifique. Esquecem, porém, do essencial no futebol e na vida: as histórias, principalmente as que nos fazem chorar.
Anexo ao museu está um bar. Ou, como está na matéria do site da Globo, "uma choperia, que promete se tornar rapidamente um point dos apreciadores de um bom chope". Point? OPacaembu é coisa séria, meus caros. E o futebol é muito mais do que isso. Vale dizer que o tal bar não abrirá em dias de jogos – talvez porque tem muito "povo", e esses caras não gostam do "povo" – e provavelmente só servirá aos endinheirados do bairro e os playboys da FAAP. Um nojo.
Esse é, portanto, mais um passo dado em direção da modernização. Tudo muito bem calculado, preparando o terreno para a Copa 2014. Que será, insisto, a morte do futebol brasileiro.
Museu do Futebol: o engodo II
Em 03 de outubro, falei por aqui sobre o Museu do Futebol inaugurado sob as sagradas arquibancadas do Pacaembu. Tratei a obra com muito desdém, já que ela tinha idealizadores para lá de suspeitos, além de seguir preceitos pouco nobres, como a modernização do esporte. O prudente amigo Fernando Cesarotti, responsável jornalista que é, alertou nos comentários: "Porra, japonês, vá lá ver primeiro, também não precisa entrar de sola com todas as pedras na mão". Seguindo o conselho dele, fui lá no último domingo. E achei uma pena que a visita não serviu corroborar as palavras do Cesarotti.
Em linhas gerais, é um museu muito bem equipado, todo cheio de parafernálias tecnológicas e até um bom acervo, principalmente no que diz respeito ao audiovisual. O problema é que a coisa não vai muito além e traz poucas novidades. Mais (ou menos) do que isso, apesar de estar no Templo Sagrado da bola, o Museu do Futebol pouco inspira paixões.
Vou apegar-me à única coisa que me chamou atenção. Logo após o salão do primeiro andar, há uma escadaria e alguns telões que ficam bem embaixo de onde montam guarda osGaviões da Fiel. Coincidentemente, esses telões prestam homenagem às torcidas organizadas do país, mostrando cantos e as festas nas arquibancadas. Existe inclusive uma espécie de duelo entre os principais rivais que ficou muito interessante. É possível passar um bom tempo apreciando as imagens, apesar do cheiro insuportável de mofo, uma vez que as estruturas foram montadas aproveitando as vigas do estádio e sobre o barranco que cai da Rua Itápolis.
Sendo repetitivo, assim como é esse museu, a visita só vale a pena por conta dessa área das torcidas e dos vídeos e sons disponibilizados. Para quem conhece um pouco mais das histórias do futebol, já antecipo: erros de informação serão encontrados em número relativamente elevado. Também se fala muito pouco sobre o estádio que o abriga, apesar das milhares de histórias maravilhosas que possui a Casa da Fiel. Portanto, fica a dica: vá durante a semana (em férias, obviamente), porque a lotação aos sábados e domingos é elevada e você não aproveita aquilo que o museu tem de melhor.
Não dá para finalizar esse texto sem mencionar o trágico bar que fica ao lado, denominado "O Torcedor". Cheio de bichices totalmente alheias ao futebol, ele só se salva por conta do entorno. Afinal de contas, é fantástico poder sentar à beira da Praça Charles Miller e ao lado do Pacaembu para tomar um chopp (Brahma, apenas correto, a R$4,20). Pedi, inclusive, um hambúrguer para ajudar o figueiredo na digestão, depois de ter constatado o maior erro desse bar: como se chamar "O Torcedor" se você não tem sanduíche de pernil no cardápio?
Roteiro completo percorrido, o veredicto continua o mesmo. O Museu do Futebol e sua estrutura complementar é muito menos do que tentaram mostrar. Além de ter prejudicado toda a fachada do Pacaembu com suas portas de ferro à la 25 de Março, ele pode ser o responsável por alimentar uma geração de alienados que preferem uma camisa do Manchester ao manto do Juventus da Mooca. A quem for e gostar, perdão, mas eu continuo achando aquela merda um engodo.
postado por Zau
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
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Um comentário:
Ótimo texto você está de parabéns a cada dia melhorando..
E concerteza será de 2x0 pro SPFC.
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