sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Que de la mano de Johan Cruyff...



Nessa terça-feira começou a Champions League 08/09, diferente do início da década de 90, quando somente jogavam os campeões, fazendo jus ao nome. Hoje a liga conta até com times que se classificaram ficando com a quarta colocação no campeonato local. Tudo bem vai, é a dinâmica do futebol, diriam uns sábios.

Para disputar a finalíssima de 92, entraram em campo Barcelona, que viria a sagrar-se tetracampeão espanhol (90/91, 91/92, 92/93, 93/94), e Sampdoria, pela primeira vez a campeã italiana. Abaixo seguem as disposições táticas:


Na memória dos torcedores culés estava fresca a derrota em 1986, contra o Steua Bucarest, no belo campo do Sevilla. Mas, como alento, os espanhóis lembravam de 1989, quando sairam campeões da Recopa da Europa, em cima da samp.

Como podem ver, o barça entrou com um 3-5-2 ofensivo, tendo como ponto forte o meio campo, formado por Guardiola, Bakero e Laudrup. Koeman, como é característico, aparecia muito bem para jogar, muitas vezes compondo uma dupla de volantes com o jovem Guardiola. Isso também era possivel pois Eusebio e Juan Carlos se preocupavam com a marcação de Lombardo e Bonetti. As melhores investidas do barça saiam dos pés de Laudrup, sempre procurando Stoitchkov. O búlgaro fez o que quis com a partida, mesmo sofrendo forte marcação de Mannini e Lombardo. Os italianos fizeram uma partida muito equilibrada. Vierchowod e Cerezo fechavam a cabeça de area e Pari voltava muito para a marcação. As investidas dos italianos costumavam sempre sair dos pés de Lombardo, Bonetti e Mancini. Viali fazia sua presença de centroavante. Como do lado catalão, com Koeman, Vierchowod dava segurança e saida de bola.

A partida foi bem movimentada, o barça tinha maior domínio da posse de bola e um meio campo muito qualificado para acionar Stoitchkov. A marcação dos italianos era muito bem feita, e quando o barça encontrava um espaço criando uma boa jogada, logo os italianos respondiam, sempre pelos pés de Lombardo e Mancini. O carequinha italiano fez uma partida excelente: marcou, atacou, driblou, brigou. Nada faltou ao 7.

Na primeira etapa, chances claras só com Lombardo e Stoitchkov. Na segunda, Mancini cresceu no jogo e mostrou muita categoria para clarear Lombardo e Viali, que por duas vezes perdeu chances claras de gol. Stoitchkov seguia o melhor em campo e Laudrup tambem passou a acertar mais. Salinas, autor de um gol na vitória de 2-0 na Recopa, não fez boa partida, e na única que encontrou parou nas mãos de Pagliuca. Goikotxea entrou no seu lugar a 25' do final. Zubizarreta e Pagliuca, goleiros de Espanha e Itália, respectivamente, no mundial de 1994, mostraram-se seguros no místico Wembley.

0-0, tempo regulamentar. Engana-se quem pensa que a partida estava chata. Prorrogação era um bônus para o torcedor. No 30 minutos que seguiram a partida manteve a dinâmica. Nesse momento Vierchowod jogava na lateral direita para marcar Stoitchkov, pois Mannini já havia levado cartão amarelo, em falta sofrida pelo búlgaro. Invernizi entrou no lugar de Bonetti, e compôs uma dupla de volante com Cerezo. Pari fazia a marcação de Goikotxea pela esquerda e Katanec tentava sair para o jogo, sem efeito algum. Nesse momento a samp saia somente com Lombardo e Mancini.

Hristo Stoitchkov seguia infernal, tudo passava pelos seus pés na prorrogação. Até que aos 6' do segundo tempo da prorrogação, Invernizi comete uma falta muito contestada por todos italianos. Schmidhuber, árbitro alemão, marcou bola presa num lance que não ocorreu tal infração. Falta dois-toques, sinalizava o braço erquido. Na bola, Stoitchkov, Bakero e Koeman, o triângulo da Catalunha. Stoitch, crack histórico do Barcelona, artilheiro do time nos espanhóis conquistados: 90/91, 91/92 e 92/93, em 93/94 foi vice-artilheiro, ficando atrás de Romário, artilheiro do campeonato com 30 tentos. Koeman, outro histórico do barça, dava tranquilidade para o sistema defensivo e iniciava todas as jogadas com o então jovem Guardiola. Bakero? o autor do gol mais importante daquele campeonato até aquele momento. Foi contra o Kaiserlautern, na Alemanha. O barça havia ganhado a primeira partida por 2-0 e vinha perdendo de 3-0 para o atual campeão alemão, quando aos 44' do segundo tempo Jose Mari Bakero aproveita um lançamento de Koeman e converte de cabeça, colocando o barça na fase de grupos.

Voltando ao jogo... Stoitchkov rola para Bakero, que pisa para Koeman manda um derechazo sem chances para Pagliuca. Festa blaugrana. No que se seguiu, foi só um pouco mais da qualidade búlgara. Mais duas boas chances para Stoitchkov, que aproveitou bem o desespero italiano. 9’ de nervosismo italiano.

Fiesta a los culés!! a 30.000 culés que viajaron de routemasters!!!

No recebimento do caneco, os jogadores já haviam trocado a camiseta naranja pela tradicional. Alexanco, que entrou no lugar de Guardiola, logo após o gol, foi quem levantou a taça para os torcedores espanhóis. Na seqüência o presidente do clube e o capitão Zubizarreta foram os que levantaram la que se mira, pero no se toca.

Linda festa a um dos melhores times dos anos 90. E o coro para o holandês de jogo bonito: “vení vení, cantá conmigo, que un amigo vas a encontrar... que de la mano de Johan Cruyff, todos la vuelta vamos a dar!!”

No final do ano, o barça enfrentaria o São Paulo FC, pelo Intercontinental de Tókio. Toninho Cerezo, que já havia trabalhado com Telê Santana no Atlético-Mg, voltou para o Brasil, a jogar no tricolor do Morumbi.

E no Japão, todos já sabiam qual era o homem a ser marcado, porém, bastaram 13’ para um tal búlgaro voltar a brilhar...

Um comentário:

Unknown disse...

Ótimo texto com exelêntes dados técnicos e históricos, contudo quem brilhou mais na final do mundial em tókio não foi o "Tal Bulgaro", más sim o espetacular time de Telê Santana, que sagrou-se campeão mundial em cima do também ótimo Barça.... Dalhe tricolor!!!